Corrupção no Dnit chegou a tal ponto que a Polícia Federal não tem mais condições de investigar as novas denúncias. Já abriu 60 inquéritos e não tem mais pessoal e recursos para disponibilizar.
Carlos Newton
Parece brincadeira. Mas a corrupção do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes) é tão ampla e disseminada que a direção da Polícia Federal decidiu não abrir inquéritos específicos para apurar as novas denúncias, por não ter condições de conduzir tamanho número de investigações simultâneas.
A Polícia Federal tem em curso hoje mais de 60 inquéritos abertos para apurar denúncias de desvios de dinheiro público em obras rodoviárias controladas pelo Dnit. As investigações estão centradas em dirigentes estaduais, mas algumas delas poderão atingir ex-diretores nacionais, afastados dos cargos nas últimas semanas por ordem da presidente Dilma Rousseff, e políticos com foro privilegiado.
A série de denúncias já resultou na queda do ex-ministro Alfredo Nascimento e de mais 19 dirigentes do setor. O pedido de abertura de novos inquéritos foi feito à Procuradoria-Geral da República e ao Ministério da Justiça por parlamentares da oposição. Para eles, não basta a demissão dos envolvidos, e a polícia tem de investigar a fundo todas as acusações.
Mas a Polícia Federal não tem mais equipes nem recursos para disponibilizar. E justifica a suspensão de novas investigações, argumentando que todas as acusações publicadas ao longo da crise no Ministério dos Transportes já estão sendo apuradas nos inquéritos em curso em praticamente todas as superintendências. Não há dúvida, é uma maneira educada, sutil e eficiente de a Polícia Fereal declarar que não tem condições de abrir mais inqueritos
***
DELTA (DO AMIGO DE CABRAL) É FAVORECIDA
Dois inquéritos antigos já resultaram na prisão dos superintendentes do Dnit no Ceará, Guedes Neto, e no Rio Grande do Norte, Fernando Rocha. Guedes foi preso pela Operação Mão Dupla, em agosto do ano passado, investigados por suposto favorecimento a um grupo de empreiteiras lideradas pela Delta Construção, do empresário Fernando Cavendish, amigo íntimo do governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral. A PF descobriu indícios de fraudes na construção de uma ponte na BR-304 e no recapeamento da BR-116, próximo a Fortaleza, duas obras do PAC.
“Com os trabalhos em conjunto (com a Controladoria Geral da União), foi possível a identificação das pessoas que faziam parte do esquema criminoso de superfaturamento, desvios de verbas públicas e pagamentos indevidos em obras de infraestrutura rodoviária realizadas pelo Dnit”, relatou a Polícia Federal.
As irregularidades são similares às fraudes que vêm sendo descobertas em outras grandes obras rodoviárias nos últimos anos. Num dos casos investigados, uma empreiteira tentou um truque aparentemente mais difícil de ser descoberto. A empresa cortou dez centímetros de cada lado de uma pista de 200 quilômetros de asfalto. O desfalque só foi notado porque os peritos resolveram medir a largura do asfalto. Resultado: a pista era 20 centímetros mais estreita que o valor pago pelo Dnit. Aparentemente, 20 cm numa pista não fazem muita diferença. Só quando se multiplicam os 20 cm por 200 quilômetros é que se tem a noção do prejuízo.
Parece brincadeira. Mas a corrupção do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes) é tão ampla e disseminada que a direção da Polícia Federal decidiu não abrir inquéritos específicos para apurar as novas denúncias, por não ter condições de conduzir tamanho número de investigações simultâneas.
A Polícia Federal tem em curso hoje mais de 60 inquéritos abertos para apurar denúncias de desvios de dinheiro público em obras rodoviárias controladas pelo Dnit. As investigações estão centradas em dirigentes estaduais, mas algumas delas poderão atingir ex-diretores nacionais, afastados dos cargos nas últimas semanas por ordem da presidente Dilma Rousseff, e políticos com foro privilegiado.
A série de denúncias já resultou na queda do ex-ministro Alfredo Nascimento e de mais 19 dirigentes do setor. O pedido de abertura de novos inquéritos foi feito à Procuradoria-Geral da República e ao Ministério da Justiça por parlamentares da oposição. Para eles, não basta a demissão dos envolvidos, e a polícia tem de investigar a fundo todas as acusações.
Mas a Polícia Federal não tem mais equipes nem recursos para disponibilizar. E justifica a suspensão de novas investigações, argumentando que todas as acusações publicadas ao longo da crise no Ministério dos Transportes já estão sendo apuradas nos inquéritos em curso em praticamente todas as superintendências. Não há dúvida, é uma maneira educada, sutil e eficiente de a Polícia Fereal declarar que não tem condições de abrir mais inqueritos
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DELTA (DO AMIGO DE CABRAL) É FAVORECIDA
Dois inquéritos antigos já resultaram na prisão dos superintendentes do Dnit no Ceará, Guedes Neto, e no Rio Grande do Norte, Fernando Rocha. Guedes foi preso pela Operação Mão Dupla, em agosto do ano passado, investigados por suposto favorecimento a um grupo de empreiteiras lideradas pela Delta Construção, do empresário Fernando Cavendish, amigo íntimo do governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral. A PF descobriu indícios de fraudes na construção de uma ponte na BR-304 e no recapeamento da BR-116, próximo a Fortaleza, duas obras do PAC.
“Com os trabalhos em conjunto (com a Controladoria Geral da União), foi possível a identificação das pessoas que faziam parte do esquema criminoso de superfaturamento, desvios de verbas públicas e pagamentos indevidos em obras de infraestrutura rodoviária realizadas pelo Dnit”, relatou a Polícia Federal.
As irregularidades são similares às fraudes que vêm sendo descobertas em outras grandes obras rodoviárias nos últimos anos. Num dos casos investigados, uma empreiteira tentou um truque aparentemente mais difícil de ser descoberto. A empresa cortou dez centímetros de cada lado de uma pista de 200 quilômetros de asfalto. O desfalque só foi notado porque os peritos resolveram medir a largura do asfalto. Resultado: a pista era 20 centímetros mais estreita que o valor pago pelo Dnit. Aparentemente, 20 cm numa pista não fazem muita diferença. Só quando se multiplicam os 20 cm por 200 quilômetros é que se tem a noção do prejuízo.
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