Corregedoria prende 20 policiais militares do Pará
Acusados de extorsão contra traficantes e agiotas colombianos, entre
outros crimes, 20 policiais militares foram presos, ontem, em Belém.
Eles estão lotados no 2º Batalhão da Polícia Militar (2º BPM), sediado
no bairro de Canudos.
Batizada de “Operação Katrina”, a ação foi
deflagrada às 6 horas, pela corregedoria da corporação. Ela resultou do
Inquérito Policial Militar iniciado em 20 de fevereiro de 2014,
instaurado para investigar esquemas de corrupção na área de atuação do
2º Batalhão, responsável pelo policiamento ostensivo em sete bairros. A
Justiça Militar decretou a prisão de 20 policiais militares, sendo três
do sexo feminino: um aspirante a oficial (tenente), um sargento, 12
cabos e 6 soldados.
“Uma verdadeira quadrilha instalou-se no quartel do 2º BPM. Vários
crimes eram praticados pelo grupo preso hoje (ontem). Eles extorquiam
agiotas colombianos que, para obterem ‘passe livre’ da Polícia Militar
para agir em Belém, pagavam propina para o grupo, que era liderado pelo
tenente Luigi e cabo Montelo. Este último foi um dos líderes da última
greve da PM, em abril deste ano. O grupo também cobrava propina de
comerciantes, em troca de segurança. E, ainda, agia falsificando
atestados médicos para que os policiais militares pudessem justificar
faltas ao serviço desde que pagassem, em média, R$ 200,00”, disse o
promotor de Justiça Militar Armando Brasil Teixeira. Ele já instaurou
uma ação penal contra os policiais e determinou a instauração de
Conselho de Disciplina visando apurar se eles devem permanecer nas
fileiras da corporação.
Durante a investigação que levou aos pedidos de prisão preventiva,
decretados pela Justiça Militar, foram cumpridas aquelas medidas
cautelares, o que, informa a Polícia Militar, confirmou as suspeitas de
participação dos acusados nos crimes de concussão (a extorsão praticada
por servidor público), corrupção ativa e passiva, violação do dever
funcional com o fim de auferir lucro, condescendência criminosa,
inobservância da lei, regulamento ou instrução e extorsão mediante
sequestro.
Ainda segundo a corregedoria da Polícia Militar, após seis meses de
investigação “foram juntadas provas diversas, incluindo documentos e
imagens de câmeras do Ciop (Centro Integrado de Operações) e outras mais
que ajudaram a conclusão do real envolvimento dos militares com ações
ilícitas”. Além das prisões, foram cumpridos mandados de busca e
apreensão de veículos, os quais foram utilizados na prática dos crimes
que envolveram até sequestro de estrangeiros. Os policiais apreenderam
um carro e uma motocicleta.
Coronel diz que delitos não serão aceitos. Como as investigações ainda
estão em andamento, o corregedor geral da corporação, coronel Vicente
Braga, não pode fornecer muitos detalhes. Mas os policiais são acusados,
por exemplo, de extorsão contra traficantes e, também, contra pessoas
que já estiveram presas (ou estas pessoas pagavam determinados valores,
ou seriam presas e conduzidas a uma unidade da Polícia Civil).
Os PMs também são investigados pelo envolvimento com colombianos que
praticam agiotagem em Belém. O coronel Vicente Braga afirma que, com
essa operação, a corregedoria da Polícia Militar demonstra, mais uma
vez, o empenho em agir com rigor contra qualquer tipo de prática
delituosa por parte de policiais militares. “A corporação, quase
bicentenária, jamais tolerará o crime nem qualquer desvio de conduta que
possa macular o trabalho da grande maioria de seu efetivo que,
diuturnamente, age com probidade e profissionalismo para proteger e
servir a sociedade paraense. Retirar do seio da tropa e aplicar as
medidas punitivas legais que cada caso requer é um dever que temos”,
destacou.
Ainda conforme o corregedor, a operação também é uma forma de a Polícia
Militar prestar contas à sociedade, deixando claro que não vai aceitar
esse tipo de conduta dos policiais, independente da patente que tenham
na corporação. A maioria dos policiais presos ontem tem mais de 10 anos
de profissão.
Pela manhã, era grande a movimentação na área do Comando Geral da
Polícia Militar, no bairro do Marco, para onde, inicialmente, foram
levados os policiais militares. Depois, eles foram colocados em um
ônibus do Batalhão de Choque e levados para o Centro de Recuperação
Especial Coronel Anastácio das Neves (Crecan), no Complexo Penitenciário
de Santa Izabel do Pará, na Região Metropolitana de Belém, ao qual são
recolhidos servidores e ex-servidores que praticam crimes. Já as
mulheres estão detidas no quartel do Batalhão Ambiental. Todos
continuarão presos, à disposição da Justiça. Dezoito PMs foram
capturados, mas a expectativa era que todos pudessem ser detidos ainda
ontem.
Militar acobertava traficante e exigia pagamento de propina. O
Ministério Público do Pará ofereceu, ontem, denúncia contra os 20
policiais militares. Eles são acusados de envolvimento em atividades
ilícitas como arrecadação de dinheiro proveniente de comércio ilegal de
estrangeiros e rede de corrupção instalada no 2º Batalhão da Polícia
Militar (2º BPM). O promotor requereu a prisão com base nas conclusões
do Inquérito Policial Militar. A corregedoria da Polícia Militar fez as
prisões. O representante do Ministério Público (MP) também já pediu a
abertura de procedimento para a expulsão dos envolvidos da corporação.
Após o Inquérito Policial Militar instaurado para apurar a conduta dos
policiais Luigi Barbosa e Celso Montelo, ambos da 1ª Companhia, do 2º
BPM, os autos apontaram que Luigi estava no comando de uma rede de
corrupção instalada no 2º BPM, informou o MP. Dentre as atividades
ilícitas comandadas pelo aspirante, continua o MP, “destacam-se a
arrecadação de dinheiro proveniente de comércio ilegal de estrangeiros e
a extorsão de beneficiários do seguro defeso - pagamento feito ao
pescador que exerce a atividade de forma artesanal, no período de
proibição da pesca para determinadas espécies”. Ainda conforme a
promotoria, “a rede criminosa comandada por Luigi permite a dispensa do
serviço de diversos policiais militares em troca de dinheiro. Durante as
investigações, foi apurado que o aspirante teria acesso a atestados
médicos falsos, simulando doença para não trabalhar”.
Consta também que Celso da Silva Montelo acobertava uma traficante de
drogas, Circe Brito de Almeida, e exigia dela pagamento de propina. Diz
ainda a promotoria que “Celso extorquia também colombianos que atuam na
cidade de Belém. Alheio aos crimes que os estrangeiros cometiam e a
falta de conhecimento destes no que tange a aplicação das leis, o
policial militar exigia um pagamento semanal de propina para acobertar
as atividades ilícitas”.
Foram denunciados os policiais militares:
1. Aspirante a oficial Luigi Rocha da Silva Barbosa
2. Cabo Celso da Silva Montelo
3. Soldado Rogério Soares Pereira
4. Sargento Valdenildo Campos Gouveia
5. Cabo Almiro Mesquita da Costa Junior
6. Cabo Maria Lídia Borges Ribeiro
7. Soldado João Paulo de Souza Rodrigues
8. Cabo Raimundo Nonato Rodrigues Ferreira
9. Cabo Alcimar Ramos Lobato
10. Cabo Evandro Aires de Azevedo
11. Soldado Eri de Jesus da Silva Corrêa
12. Cabo Marcio Lopes Rosa
13. Soldado Jefferson Raiol de Souza
14. Cabo Wilson Dias Valente
15. Soldado Eric Melo da Paixão
16. Cabo Selma Regina Reis dos Santos
17. Cabo Lucinea Nunes da Luz
18. Soldado Heraldo Vasque Lira
19. Cabo Claudio Luciano Freitas Costa
20. Cabo Adauto Tavares
Fonte: http://www.orm.com.br/amazoniajornal/