Ser a outra é melhor do que ser a traída? Matriz ou filial? Antes de responder a essa pergunta, investigamos por que os homens acham que a grama do vizinho é mais verde. Para o consultor de relacionamentos André Aguiar Marques, autor do livro “Não Existe Mulher Difícil” (Editora Jardim dos Livros), homens podem dividir-se em três grupos: maduro, imaturo e convicto. “O maduro é o que pode ser fiel, pois já vivenciou experiências suficientes e está disposto a encarar um relacionamento sério. Já o imaturo tem os dois lados: pode ser responsável ou não, dependendo da pressão que a mulher exerce e da sinceridade existente no casamento. E, por último, o convicto: o tipo de homem que é ótimo marido e ótimo amante. Trata bem a companheira, cuida da casa, dos filhos e dos amigos e ainda arruma tempo de cuidar bem da vizinha”, revela.
Vantagens
Para a amante M.V., 27 anos, a vida está boa assim. Ela tem um affair com um “convicto” casado há mais de 15 anos, que a mantém financeiramente. “Ele me ajuda a manter minha casa e meus gastos fixos enquanto eu gasto meu dinheiro investindo em minha profissão e meu lazer, já que nos vemos apenas de segunda a quinta”, diz. Afinal, quando não há envolvimento amoroso, há muitas mulheres que preferem um relacionamento sem compromisso a um engessado. “Gosto dessa vida porque de sexta a domingo estou livre e não posso prometer exclusividade a alguém que já é casado”, conta. Para a estudante de direito, não há futuro nessa relação, mas ela não se preocupa com isso. M. V. só pensa em juntar dinheiro para morar fora do Brasil em alguns anos.
A falta de confiança é uma grande desvantagem em ambos os casos de traição. As pessoas tendem a não confiar em outra que está traindo, pois imaginam que esta pessoa pode trair você também se tiver oportunidade
André Aguiar Marques, consultor de relacionamentos
André Aguiar Marques, consultor de relacionamentos
Há, no entanto, o lado mais difícil da vida de amante: quando ele ou ela se apaixona verdadeiramente e paralisa a vida em função do amado ou da amada, alimentando uma ilusão a cada dia. “Namoro um homem há quatro anos; ele é casado há cinco. Sempre promete que vai largar a mulher, mas alega que é muito complicado. Ela sabe sobre nós, mas finge não saber. Certa vez, ela me telefonou apenas para informar que sabe. E vivo nessa: esperando que um dia a sorte venha para meu lado. O pior de tudo? Sou fiel. Não saio, não conheço outras pessoas, não vivo; ou melhor, vivo em função do momento em que ele aparece”, confessa a tradutora J. L., 34 anos, do Rio de Janeiro.
O lado dele
O especialista em relacionamentos André Aguiar Marques analisa: “A amante não fala sobre as contas atrasadas, o carro que quebrou, a sogra que está doente, aquela tia do interior que insiste em passar um final de semana em casa. A amante se preocupa em aproveitar os poucos momentos que tem com o rapaz e, além de tudo isso, em muitos casos, se preocupa mais com a ‘embalagem’. Ela satisfaz sexualmente o amado e pronto”, explica Marques.
O lado dela
Mas as moedas de troca são bem diferentes quando mudamos o foco. O homem, muitas vezes, tem uma amante porque é “comum” para o macho alfa trair. Já a mulher, geralmente, vai procurar fora o que não tem dentro de casa, principalmente quando ela se sente desvalorizada ou o homem está ausente demais. “Viramos irmãos dentro da nossa casa e não tínhamos mais um relacionamento marido e mulher. E meu companheiro de trabalho começou a me elogiar, a conversar, a cortejar. Percebi o que não tinha em casa: um homem viril ao meu lado, que me desejasse como mulher. Encontrei isso no colega de empresa, também casado. Saímos por sexo durante dois anos e nunca ninguém soube. Terminamos, eu saí da empresa e nunca mais nos vimos. Valeu pela experiência, mas não recomendo a traição. Nunca me imaginei nessa situação e, hoje, em outro casamento, prezo a vida sexual ativa acima de tudo para manter ao máximo a fidelidade de ambos”, conta a dentista R. M., 32 anos, de São Paulo.
Antes amante do que mal acompanhada
Para a antropóloga Mirian Goldenberg, autora do livro “A Outra, A Amante do Homem Casado” (Editora BestBolso), a situação de ser ou ter amante no país é muito mais real do que imaginamos. “As ‘outras’ imaginam que a pior situação é a da esposa, que não tem uma vida sexual com o marido nem outros prazeres que não sejam afazeres. Em contrapartida, preferem ser as ‘outras’ a ficarem sós, mas preferem ser sós a mal acompanhadas por um marido infiel”, verbaliza.
O problema é mais social que emocional. Vivemos um momento em que o bacana é trair, segundo a novela das oito, ou enganar a família como nos filmes de Hollywood. “Todos sabem o que é certo ou não. Sair com várias pessoas e ter uma vida de aventuras é válido, desde que isso não torne a vida da pessoa que se tem em casa um inferno. Casamento é algo sério e requer cumplicidade, afinal um dia ou uma noite você pode estar do outro lado do balcão: em vez de trair, pode ser traído. Já pensou nisso?”,