A conversa de hoje tem origem numa experiência muito pessoal que vivencio há alguns anos. Falo da amizade na política.
Os conceitos de amizade e inimizade possuem no mundo da política certa ambigüidade. Aliás, o político desconfia muito da amizade. Governar com amigos ou com adversários?
A pergunta é conhecida, mas é inegável que levanta uma questão legítima, sobretudo no campo da prática política, da política como acontece na vida real (gostemos dela ou não).
Existe uma enorme quantidade de ditos, versando sobre a temática do inimigo e do amigo na política.
O pensamento realista, por sua visão pessimista da natureza do homem, prefere sempre lidar com interesses a lidar com sentimentos.
Interesses são definidos, são quantificáveis ($) e suscetíveis de negociação.
Sentimentos são ocultos, arbitrários, volúveis e demandam uma reciprocidade, instável e não quantificável.
A atmosfera política se não torna a amizade impossível, por certo impõe-lhe tensões muito desagradáveis. No mundo em que o gestor desenvolve suas atividades não há muito espaço para amizades.
Amigos exigem muito e esperam demasiado, na forma de atenção, consideração e compreensão. Amigos tendem a atribuir um significado ao conceito de "lealdade do chefe para com eles", que costuma extrapolar em muito os limites toleráveis, para quem tem a responsabilidade de governar.
Amigos exigem uma solidariedade irrestrita e imediata, a qualquer momento em que entrem em dificuldades que, usualmente, exige pagamento em "moeda política".
Amigos, pois, tendem a desenvolver expectativas exageradas em relação ao governante.
Por estas razões, amigos no governo estão sempre "à beira da decepção" com seu amigo poderoso, sempre na iminência do rompimento da amizade.
Há sempre alguns amigos que são capazes de fazer a distinção entre as duas situações – amizade na vida privada e na vida pública. São poucos, mas são valiosos. Você os reconhece porque eles não lhe criam problemas. Antes, resolvem-nos, mesmo a custo de prejuízo pessoal, e você só fica sabendo muito depois.
Destes amigos, o governante deveria cercar-se. Eles serão o apoio mais importante nos piores momentos; aqueles momentos em que o telefone não toca e o capim cresce na sua porta.
Já os inimigos, o realismo político encara de maneira diferente. Para essa escola de pensamento político, inimigos e adversários possuem muitos atrativos políticos. Atrair adversários, retirá-los da oposição para fazer parte do governo e, no limite, cooptá-los, sempre foi (é e será) uma poderosa tentação que assalta os governantes, ao montarem seu governo.
Concluída a eleição, o novo governante, munido de sua recém conquistada legitimidade, passa a ser o governante de todos: dos que o apoiaram e dos que se opuseram. Com essa autoridade, pode convidar ex-adversários para integrar sua administração.
O pensamento realista, por sua visão pessimista da natureza do homem, prefere sempre lidar com interesses a lidar com sentimentos.
Interesses são definidos, são quantificáveis ($) e suscetíveis de negociação.
Sentimentos são ocultos, arbitrários, volúveis e demandam uma reciprocidade, instável e não quantificável.
A atmosfera política se não torna a amizade impossível, por certo impõe-lhe tensões muito desagradáveis. No mundo em que o gestor desenvolve suas atividades não há muito espaço para amizades.
Amigos exigem muito e esperam demasiado, na forma de atenção, consideração e compreensão. Amigos tendem a atribuir um significado ao conceito de "lealdade do chefe para com eles", que costuma extrapolar em muito os limites toleráveis, para quem tem a responsabilidade de governar.
Amigos exigem uma solidariedade irrestrita e imediata, a qualquer momento em que entrem em dificuldades que, usualmente, exige pagamento em "moeda política".
Amigos, pois, tendem a desenvolver expectativas exageradas em relação ao governante.
Por estas razões, amigos no governo estão sempre "à beira da decepção" com seu amigo poderoso, sempre na iminência do rompimento da amizade.
Há sempre alguns amigos que são capazes de fazer a distinção entre as duas situações – amizade na vida privada e na vida pública. São poucos, mas são valiosos. Você os reconhece porque eles não lhe criam problemas. Antes, resolvem-nos, mesmo a custo de prejuízo pessoal, e você só fica sabendo muito depois.
Destes amigos, o governante deveria cercar-se. Eles serão o apoio mais importante nos piores momentos; aqueles momentos em que o telefone não toca e o capim cresce na sua porta.
Já os inimigos, o realismo político encara de maneira diferente. Para essa escola de pensamento político, inimigos e adversários possuem muitos atrativos políticos. Atrair adversários, retirá-los da oposição para fazer parte do governo e, no limite, cooptá-los, sempre foi (é e será) uma poderosa tentação que assalta os governantes, ao montarem seu governo.
Concluída a eleição, o novo governante, munido de sua recém conquistada legitimidade, passa a ser o governante de todos: dos que o apoiaram e dos que se opuseram. Com essa autoridade, pode convidar ex-adversários para integrar sua administração.
Ora, a adesão de um adversário sempre significa um enfraquecimento do bloco de oposição, senão quantitativo, por certo qualitativo. Aos olhos do povo, o apoio de um adversário, valerá muito mais do que o mesmo apoio de um aliado fiel.
Um adversário que se integra ao novo governo, para reverter dúvidas quanto a sua lealdade, será mais dedicado ao trabalho, e evitará criar problemas ainda que os amigos de antes o hostilizem.
Finalmente, os inimigos cooptados são infinitamente mais pacientes e compreensivos que os amigos. Diferentemente destes, os inimigos não podem se dar ao luxo de ficar "à beira da decepção". Se repetir a dose, é ele quem será considerado problemático, e não os grupos políticos que ele abandona.
Resumo da ópera: no mundo da política, inimigos são mais úteis que os amigos. Patético, não?
Um adversário que se integra ao novo governo, para reverter dúvidas quanto a sua lealdade, será mais dedicado ao trabalho, e evitará criar problemas ainda que os amigos de antes o hostilizem.
Finalmente, os inimigos cooptados são infinitamente mais pacientes e compreensivos que os amigos. Diferentemente destes, os inimigos não podem se dar ao luxo de ficar "à beira da decepção". Se repetir a dose, é ele quem será considerado problemático, e não os grupos políticos que ele abandona.
Resumo da ópera: no mundo da política, inimigos são mais úteis que os amigos. Patético, não?
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