A imagem de lugar paradisíaco de belas mulheres de bundas de fora chamado Brasil



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A imagem de um país chamado Brasil

A imagem de um país é construída por inúmeras características: poderio bélico, projeção cultural, bem estar da população, pujança industrial, influência diplomática, capacidade de realização, nível educacional etc.
Depende tanto da autoimagem que seu povo faz de si, quanto da percepção dos demais países.
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Muitas vezes, a figura que surge no imaginário coletivo interno ou mundial é clichê, estereotipada, cheia de meias-verdades. Colocamos adjetivos fortes em lugares nos quais nunca estivemos e carimbamos “disso ou daquilo” povos com os quais nunca convivemos. Faz parte do jogo: trata-se da imagem que eles projetam de si para o mundo.
Vamos pensar no Brasil. Qual a imagem que fazemos de nós mesmos e que projetamos para o mundo?
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Durante décadas o Brasil tentou atrair turistas vendendo a imagem de lugar paradisíaco de belas mulheres de bundas de fora.
É só pesquisar os posters da empresa estatal brasileira de turismo dos anos 60, 70 e 80 para encontrar centenas de fotos de praias, biquines, mulheres sensuais e convites sexuais subliminares (ou bem explícitos, às vezes) em cenas tiradas do carnaval.
No cinema, após o breve período do cinema novo, entramos em uma era de filmes de pornochanchadas que mergulhavam apenas em sacanagem (é só passar pelo canal Brasil de madrugada para ver uma sequencia de atores globais – hoje veteranos – fazendo várias cenas).
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Nesta época, a tv aberta transformou uma modelo que começou fazendo filmes de apelo erótico envolvendo menores na rainha dos programas infantis.
Hoje ficamos horrorizados e ofendidos quando o Brasil é retratado por estrangeiros em filmes, propagandas ou desenhos animados como um paraíso sexual ou local de vida fácil.
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Vendemos essa imagem.
Conscientemente.
Em diversos momentos e financiada por dinheiro público.
E a imagem criada perdura. Mesmo que atualmente todas as políticas públicas se voltem para combatê-la. O imaginário coletivo demora para mudar.
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O povo brasileiro se ofende quando é apontado como um dos menos produtivos do mundo nas relações de trabalho pelos rankings internacionais.
Mas quais são nossos modelos?
Quantos cientistas, empresários, professores, profissionais da área de TI são considerados exemplos a serem seguidos no Brasil? Tivemos um presidente que se orgulhava publicamente de nunca ter lido um livro e que não precisava falar corretamente para ser o politico mais importante do país.
A cultura média brasileira é diuturnamente doutrinada para valorizar a lei do menor esforço, deixar tudo para última hora que tudo se resolve, exaltar o “malandro que sabe viver” ao invés do cara que batalha e estuda. Aviltamos os professores, menosprezamos a disciplina, transformamos a palavra “ordem” em sinônimo de “censura”, chamamos de “otário” quem se esforça pelo caminho honesto da dedicação ao trabalho.
Por que nos chocamos quando criticam a produtividade brasileira? Por que nos ofendemos? Essa é a imagem que transmitimos. O problema não está em quem recebe a mensagem, mas em quem transmite. Algo deve mudar em nós.
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Decidimos então sermos os anfitriões de grandes eventos de apelo mundial.
Maravilhoso. Nos tempos modernos, nada transmite tanta força quanto um evento midiático de alcance global.
É a oportunidade do país de mostrar obras modernas, infraestrutura de qualidade, ordem e progresso. Mostra-se a parte boa do país, não só para os demais países da aldeia global, mas para seus próprios cidadãos que consomem o produto “País que dá certo e que sabe o que faz!”.
É a chance de mostrar organização, capacidade de planejamento. Esses valores, se bem vendidos para o mercado externo e incorporados pelos próprios cidadãos tem uma capacidade de moldar o futuro que vale muito mais do que os bilhões investidos.
E o que fizemos? Aproveitamos a chance de mudar nossa imagem?
Recentemente, ano de 2013, o Papa Francisco esteve no Rio de Janeiro. Acompanhei de perto porque os peregrinos foram todos enviados para bairros relativamente próximos da minha residência.
A idéia era criar uma imensa área de peregrinação na região de Guaratiba e assentar todos os peregrinos em locais próximos.
Mas a prefeitura escolheu uma região de mangue, na época de chuvas e não fez obras de drenagem. O local virou um charco lamacento. Nem pick-up 4×4 conseguia andar.
Resultado: milhares de peregrinos cruzando mais de 50 km até Copacabana, saindo de bairros com os piores sistema de transporte público do Rio de Janeiro e depois enfrentando horas de fila para pegar um metrô.
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Depois chegamos na Copa do Mundo de 2014.
Sabemos que somos os anfitriões desde 2007. O que você espera de um país que quer vender uma imagem de produtivo, moderno e empreendedor? Obras. Planejamento.
O governo vendeu a ilusão de dezenas de obras de mobilidade urbana, reforma de aeroportos, criação de portos novos, construção de novas estações de metrô, ligação das cidades sedes por trem-bala.
Obras. Planejamento. Trabalho sério. Imagem excelente para vender para o Brasil e o mundo.
Neste momento em que escrevo, faltam dois dias para começar a Copa do Mundo e nem 30% das obras sairam do papel.
Pior, o que saiu do papel está incompleto e corre o risco de ser abandonado porque sem Copa não existe mais apelo para os governos continuarem investindo.
Gastamos bilhões para vender uma imagem de capacidade de organização e só conseguimos mostrar os defeitos da incapacidade de planejamento e da filosofia do “fazer tudo nas coxas” e nossa maestria no “deixar tudo para a última hora”.
Em 2016 teremos as Olimpiadas no Rio de Janeiro e dirigentes do Comitê Olimpico Internacional já deram entrevistas declarando que nunca viram um país tão leniente na organização dos jogos e atrasado em seus cronogramas.
Repetimos os mesmos erros. Over and over and over again…
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Essa é a imagem que vendemos para nós mesmos e para o mundo: país alegre, povo cordial, pouco afeito ao trabalho produtivo, com mulheres sensuais, que desvaloriza a educação, exalta o malandro e com absoluta incapacidade de organização e planejamento.
E depois ficamos ofendidos com isso.

Opinião Central
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About Pedro Fernandes

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