Rio de Janeiro/RJ- CASAMENTO CIVIL HOMOAFETIVO UNE 130 CASAIS

Primeiro casamento civil homoafetivo reuniu 130 casais no auditória do Tribunal de Justiça do RJ (Foto: Daniel Silveira/G1)




Cerimônia coletiva foi promovida pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
Estado já havia realizado três cerimônias coletivas de união estável.

Daniel Silveira Do G1 Rio
Primeiro casamento civil homoafetivo reuniu 130 casais no auditória do Tribunal de Justiça do RJ (Foto: Daniel Silveira/G1)

"Só que homossexualidade não existe, nunca existiu. Existe sexualidade, voltada para um objeto qualquer de desejo que pode ou não ter genitália igual, e isso é detalhe", escreveu o escritor gaúcho Caio Fernando Abreu. A identidade de gênero é, sem dúvida, mero detalhe para as 260 pessoas que se uniram a seus respectivos pares na tarde deste domingo (8) perante a Justiça. Os 130 casais participaram do primeiro casamento civil homoafetivo realizado no estado do Rio de Janeiro.
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A cerimônia coletiva aconteceu no auditório Antônio Carlos Jobim, do Tribunal de Justiça do estado do Rio de Janeiro (TRJR), no Centro. "Hoje marcamos uma vitória política", comemorou a desembargadora do TJ-RJ Cristina Gaulia. Ao afirmar que outros tribunais espalhados pelo pais ainda estão longe de tomar iniciativas semelhantes do TJ-RJ, ressaltou que o evento enfatiza o "progresso" da Justiça fluminense.
"O que se faz aqui hoje é um marco simbólico da concretização de princípios constitucionais. É muito fácil colocar na Constituição que todos são iguais perante a Lei, mas é extremamente difícil fazer isso valer na prática", acrescentou o desembargador Cláudio Dell'Orto, que compôs mesa acompanhado pela mulher, Cristiane.
Cláudio e Cristiane foram padrinhos dos 130 casais, que contaram ainda com o apadrinhamento simbólico dos atores David Pinheiro e Mariana Schunk. As juízas Rachel Chripino e Rachel Oliveira foram as celebrantes do casamento. O evento contou ainda com a participação especial da cantora Jane di Castro, que interpretou o Hino Nacional na abertura oficial da cerimônia.
Amor e afeto
De Caio Fernando Abreu a Carlos Drummond de Andrade. De Milton Nascimento a Gonzaguinha. Em citações, o amor foi exaltado por todos que compuseram a mesa da cerimônia, entre eles Cláudio Nascimento, superintendente de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos e coordenador do Programa Estadual Rio Sem Homofobia. "O amor, o companheirismo e a coragem de vocês são determinantes para a conquista dessa façanha", disse aos casais referindo-se à cerimônia coletiva de casamento civil homoafetivo. “A nossa luta é a luta pelo fortalecimento do amor e do afeto”, enfatizou.
Cláudio lembrou que em 2011, o Rio de Janeiro realizou a sua primeira cerimônia coletiva de união estável entre pessoas do mesmo sexo. Outras duas foram realizadas em 2012. "Essa é primeira de casamento civil do estado, a maior coletiva já realizada no mundo. Nunca tivemos uma cerimônia desse porte", afirmou.
Dos 130 casais que se uniram neste domingo, 89 são de lésbicas, 40 de gays e um formado por uma transexual e um homem - este unido em relação estável há 22 anos. A maioria (48 casais) tem faixa etária entre 30 e 49 anos e seis casais têm mais de 60 anos de idade. Do total de casais, 72% estão juntos há mais de quatro anos e 85% mantêm vida comum há mais de dois anos, o que configura união estável. "Esse dado derruba argumentos preconceituosos que dizem ser superficiais as uniões homoafetivas", destacou Cláudio nascimento.
Joseli e Viviane estão juntas há seis anos (Foto: Daniel Silveira/G1)Joseli e Viviane estão juntas há seis anos
(Foto: Daniel Silveira/G1)
Eles disseram sim
Exibindo um traje africano, Viviane Soares Lessa de Faria, 38 anos, não parava de sorrir ao lado da esposa, Joseli Cristina Lessa de Faria, 45. "Eu sonho me casar com ela desde que a conheci", disse Viviane.

Joseli fez questão de destacar que o filho Rafael, de 29 anos, é o padrinho do casal. “Ele é amigo, parceiro, companheiro. Ele chama uma de mãe branca e a outra de mãe preta e estava mais ansioso que nós duas”, disse.

O casal Flávio e Giuseppe Laricchia, de 26 e 21 anos respectivamente, é um dos mais novos entre os 130 que se casaram. Há dois anos juntos, eles são de Teresópolis, Região Serrana, e vieram sozinhos para a capital formalizar a união. “Nossos pais não vieram por falta de oportunidade, porque eles queriam muito estar aqui”, disse Flávio. Ele já havia formalizado a união estável a Giuseppe em dezembro passado, mas fizeram questão de casar. “Queríamos a garantia de direitos, entre eles os trabalhistas. Precisamos ter essa igualdade em relação aos casais heterossexuais”, disse Giuseppe.
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